Seminário realizado em São Paulo nos dias 2 e 3 de agosto tratou de oportunidades e desafios enfrentados pelas empresas brasileiras em processo de internacionalização
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), promoveu, nos dias 2 e 3 de agosto, em São Paulo, o Seminário “Capacitação em Internacionalização como Fator Estratégico de Competitividade”. Representantes de cerca de 50 entidades setoriais que desenvolvem projetos de promoção comercial com a Apex-Brasil participaram do evento.
O Seminário tratou das oportunidades e dos desafios enfrentados pelas empresas brasileiras no processo de internacionalização de seus negócios. O programa incluiu apresentações de acadêmicos ligados à FDC e depoimentos de representantes dos grupos Giraffas e Hering, que têm operações no exterior. No dia 21 de agosto, também em São Paulo, Apex-Brasil e FDC apresentarão os detalhes do curso que será destinado para o público empresarial.
O diretor de Negócios da Apex-Brasil, Rogério Bellini, explicou que o Seminário ofereceu informações tanto para as empresas iniciantes como para as mais avançadas no processo de internacionalização. “Essa parceria com a Fundação Dom Cabral tem por objetivo capacitar os gerentes dos projetos desenvolvidos pela Apex-Brasil em parceria com as entidades para que eles possam transmitir esses conhecimentos às empresas de seus setores”, explica Bellini.
Palestras
O professor Jorge Forteza fez a primeira palestra do Seminário, intitulada “A criação de valor no processo de internacionalização”. Sherban Leonardo Cretoiu e Luis Carlos Lical de Carvalho fizeram apresentações sobre “Contexto, cenários, benefícios e desafios da internacionalização das empresas brasileiras” e “Modelo de Criação de Valor Internacional – Dimensão Proposta de Valor”, respectivamente.
Edson Amaro, gerente de Mercado Internacional da Hering, e Alexandre Guerra, diretor Financeiro e de Planejamento do Giraffas, detalharam particularidades dos processos de internacionalização das duas empresas.
A Hering, que tem sede em Blumenau e 132 anos de existência, começou seu processo de internacionalização em 1963. O carro-chefe da empresa são produtos relacionados à moda casual. Com presença forte na América do Sul, a Hering tem apostado em ações de promoção e marketing para fortalecer sua marca fora do Brasil. “Tentamos falar a língua dos países criando novos formatos de comunicação e utilizando celebridades locais. No Chile, temos conseguido bastante espaço na mídia”, explicou Edson Amaro.
Já a rede de fast food Giraffas, fundada em Brasília em 1981, inaugurou seu primeiro restaurante fora do Brasil em julho do ano passado, em Miami (Estados Unidos). O trabalho de inserção no mercado norte-americano foi feito com o suporte da Apex-Brasil, por meio do seu Centro de Negócios localizado em Miami. Para as operações nos Estados Unidos, o Giraffas se posicionou no segmento de fast casual, com ambiente diferenciado em relação ao de uma lanchonete e foco em refeições grelhadas (e não em sanduíches). A meta da empresa é abrir 35 restaurantes nos Estados Unidos até 2016. “Por enquanto, a operação no mercado norte-americano é nossa mesmo. Vamos formatar melhor o modelo e fazer as correções para somente depois começar a abrir franquias”, explicou Alexandre Guerra.
Em uma sessão de debate, foram destacados temas como a construção da imagem de um país, a mudança de modelo de negócio da empresa durante o processo de internacionalização, a competitividade e o cálculo de riscos e perdas. “O cenário atual aponta para um mundo onde os consumidores de países desenvolvidos estão buscando novidades e os de países em desenvolvimento estão buscando bens mais básicos. Quem terá condições de produzir novidades são países interessantes e atraentes, como o Brasil”, afirmou Jorge Forteza.
Sherban Cretoiu ressaltou que o investimento no exterior não faz com que as empresas deixem de investir no Brasil. “As empresas brasileiras têm aprimorado sua capacidade tecnológica e de gestão ao expandir suas operações fora do país. A internacionalização das empresas brasileiras também gera empregos no Brasil”, acredita.
O segundo dia do Seminário teve palestras sobre modelos de criação de valor internacional em cinco diferentes aspectos: negócios (Moacir Miranda de Oliveira), modelo organizacional (Rudolf Gabrich), talentos e liderança (Jase Ryane Ramsey), gestão de stakeholders (Sherban Cretoiu) e integração entre as dimensões (Flávia Alvim).
Repasse de conhecimento
Os representantes de entidades setoriais destacaram a importância da disseminação do conteúdo do Seminário junto às empresas participantes dos projetos de promoção de exportações. “É um volume de informações muito grande, novos dados, ideias reais, tudo muito importante para encaixarmos no novo modelo de trabalho da entidade e replicarmos o conhecimento, respeitando o nível de maturidade de cada empresa associada”, disse Silvia Lima, gerente de internacionalização da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST).
“As palestras nos ajudaram a balizar ainda mais as informações que tínhamos levantado no planejamento estratégico de nosso projeto setorial”, afirmou Rachel do Valle, gerente do Projeto Brazilian TV Producers, parceria da Apex-Brasil com a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPI-TV).
Christian Santiago e Silva, promotor comercial do Projeto Cafés do Brasil, parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), destacou a necessidade de planejamento no processo de internacionalização. “Não existe mágica no comércio internacional. Se, por um lado, não dá para competir com as grandes multinacionais, existem caminhos para a empresa de pequeno ou médio porte buscar sua internacionalização em alguns nichos”, explica.
A internacionalização também pode ser vista como um caminho para as empresas que querem inovar nas ações de promoção comercial. “Nossos associados já perceberam, há muito tempo, que não basta apenas ir às feiras e participar de missões. O Seminário trouxe muito conhecimento nesse sentido, que iremos disseminar junto às empresas participantes do Projeto Setorial”, conta Dosh Manzano, gerente do Projeto Brazilian Publishers, parceria da Apex-Brasil com a Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Segundo Carolina Machado, gerente do Projeto Indústria Mecânica do Brasil, parceria da Apex-Brasil com o Sindicato da Indústria Mecânica do Estado de Minas Gerais (SINDMEC), a apresentação de casos de empresas brasileiras internacionalizadas ajuda a entender os desafios enfrentados na abertura de negócios no exterior. “A internacionalização no setor de equipamentos é ainda mais importante porque não podemos apenas vender o produto: temos que garantir também ao comprador internacional uma mão de obra de suporte técnico contínua após a venda”, afirma Carolina.
O coordenador da Unidade de Estratégia de Mercado da Apex-Brasil, Juarez Leal, acredita que a expansão internacional das empresas brasileiras é um elemento estratégico para a incorporação de novas tecnologias e inovação nos processos produtivos, com consequente ganho de competitividade. “Atuar no mercado externo também deixa as empresas brasileiras mais preparadas para concorrerem com as marcas internacionais no mercado doméstico”, complementa Leal.
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