Maior feira de móveis da América Latina deve vender 10% a mais do que o previsto devido ao corte no imposto
A expectativa rondava os corredores da Movelsul, em Bento Gonçalves, desde antes da abertura dos pavilhões. Na semana passada, quando a equipe do Sindmóveis acertava os últimos detalhes do evento, a medida do governo que reduziria o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos móveis era aguardada. Na noite de ontem (23/3), durante um jantar com os patrocinadores da feira, o assunto mais comentado era se o IPI seria ou não reduzido nos próximos dias.
Confirmada à noite, após um anúncio do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, a notícia não chegou a tempo no jantar, para que pudesse ser brindada pelos dirigentes e investidores da Movelsul. Mas ainda há muito o que comemorar. Afinal, os 327 expositores da maior feira do setor moveleiro da América Latina ainda têm quatro dias para negociar com lojistas produtos 5% mais baratos – essa era a alíquota de IPI paga pelos fabricantes. Em uma edição extra do Diário Oficial, que circulou segunda-feira (23/3), a presidente Dilma Roussef assinou a retirada do IPI para a linha de móveis por três meses. A medida também desonera os revestimentos laminados e reduz as alíquotas de luminárias e lustres (de 15% para 5%) e de papéis de parede (de 20% para 10%).
A notícia chegou como um estímulo extra para uma feira que já apresentava números positivos. Somente no primeiro dia, cinco mil pessoas visitaram o evento – mil a mais do que no primeiro dia da edição de 2010. Com a redução do IPI, o presidente da Movelsul, João Paulo Pompermayer, espera que a previsão inicial de negócios, que era de US$ 330 milhões, seja aumentada em 10%. “Aqui na feira teremos um impacto imediato, de curtíssimo prazo. Mas a medida continua favorecendo as vendas no setor durante toda a sua vigência”, afirmou.
Entrevista: João Paulo Pompermayer, presidente da Movelsul
Qual o impacto desta medida para a indústria moveleira e para o consumidor?
A medida tem impacto imediato, pois reduz em 5% o custo do produto. Isso significa que ela poderá ser sentida imediatamente, com os produtos custando 5% menos para os lojistas. Já para o consumidor, a redução poderá ser maior ainda, pois este corte tem efeito em cadeia. É uma medida importante, que mostra que o governo está olhando para o setor com carinho.
O anúncio do governo era o que o setor esperava?
O setor moveleiro já pleiteava há muito tempo essa redução, que demorou para chegar, mas, enfim, foi anunciada. Também consideramos que somente três meses é muito pouco tempo. Esperávamos essa medida como um paliativo, mas sabemos que ela não é suficiente para resolver os problemas que enfrentamos na indústria.
Quais são os outros problemas que ainda afligem os moveleiros?
Temos uma carga tributária excessiva. A própria redução do IPI como medida de incentivo à indústria e ao consumo prova que pagamos impostos demais. As lideranças do setor moveleiro e de muitos outros setores estão em luta constante para que uma reforma tributária possa desonerar a cadeia produtiva e tornar nossa indústria mais competitiva. Também temos problemas de logística, com estradas mal conservadas que geram fretes caros. E, por fim, precisamos de uma política cambial mais efetiva, que favoreça as exportações.
Como esse anúncio impactará a realização da Movelsul?
Podemos dizer que, considerando a redução do IPI, teremos pelo menos 10% a mais de negócios na feira. O impacto é imediato, de curtíssimo prazo.
E como fica a indústria depois desses três meses?
Vamos continuar negociando com o governo para que essa medida se prolongue, pois achamos que o período de isenção é curto. Enquanto a medida vigorar, teremos um incremento no consumo, que irá se acentuar nos últimos dias. A medida continua favorecendo as vendas no setor durante toda a sua vigência.
.
.